quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Bilhete


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Ola:)

Passei por ca...tive saudades....
Saudades das palavras confortantes, arrebatadoras, sensíveis,alegres, sentidas, inteligentes, sábias..
Saudades deste mundo...pequeno mundo...um mundo de sonhos e de verdades
Saudo-vos!!!... e de branco se farão palavras e retomarei:)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Amigas para sempre

Lisa sempre fora uma menina especial, crescera rodeada de mimos e a sua infância foi sem dúvida vivida da melhor forma possível, sempre teve muitos amigos, alguns mais especiais mas Lisa lembra-se dela sempre com grande carinho, claudinha, a sua eterna amiga, marcou a sua vida.

Companheiras inseparáveis, confidentes incansáveis de sentimentos únicos, sempre fora assim…….conheciam-se pelos gestos, pelos os olhares, posturas e expressões, riam-se tardes inteiras das tropelias e gracejos de claudinha, sempre bem-disposta, apesar das dificuldades que se faziam sentir na altura, sua família anteriormente abastada, perdera tudo, dizia-se que fora devido a uma má gestão, mas nunca falaram seriamente sobre o assunto, regiam conformadamente com a nova situação, o importante naquele momento era a felicidade da família, tarefa essa que era sem dúvida desempenhada por sua mãe, era uma mulher lutadora e alegre, conhecida por “mainha”. Os problemas da adolescência eram pacientemente explicados por ela, incessantemente com uma voz doce e conselhos adequados de quem já vivera mais, a experiência era ali partilhada, naquela pequena cozinha com um copo de vidro de café entre choro e riso tudo era narrado, tudo era compreensível e tudo se tornava mais natural e equilibrado………..foi assim durante anos…..não tivesse Lisa que partir.

Ambas recordam com um aperto no peito o dia em que foi comunicado a partida, o tempo era cronometrado, a angustia fora previamente anunciada, os dias alegres tornaram-se repreensivos, desalentados pelo riso forçado de "mainha" que tentava confortá-las com palavras sensatas de um futuro promissor…….mas o seu parecer já não trazia alento e tranquilidade como outrora ……….agora não as aquietava..nada as confortava..uma separação tão rápida e tão eterna…..o coração dilacerara e apesar da sua sabedoria……...nada poderia fazer, sabia que elas iriam sofrer a ausência e a saudade daquela amizade tão pura, seria sentida por toda uma vida…..retirou-se da cozinha a rir, para rapidamente se refugiar no seu quarto e chorar…seria uma separação difícil….

No dia em que se antecedia a viagem….elas estavam muito abstractas, camuflaram por todo o dia a aflição do momento final, foram muitas as despedidas, Lisa sentia-se agora especialmente atormentada e Cláudia mantinha-se mais afastada a observar, teria que ser a útima, iria ser a ultima…….mas desejará nunca ter sido….todos partiram…só restavam elas, elas e "mainha"…..que com o lábio tremulo, mas com uma voz firme anunciou que chegará o momento…não poderiam adiar…nada falaram……. os seus olhos, mais uma vez, comunicaram o que aquele momento significava, os seus braços teimosamente se cruzaram e choraram…….as lágrimas caiam-lhes apressadamente….num choro continuo de uma tristeza sentida……apesar de saberem que era necessário que Lisa partisse os braços não as obedeciam e agarradas ficaram…por minutos infinitos..até que as separaram….tivera que ser assim….não olharam para trás…há 15 anos que não se vêm

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Há muito que não ouvia esta música.......
Estava a ver uns cds, decidi pôr algumas das músicas de Caetano Veloso, confesso que não estava a espera de "sozinho"no repertório escolhido!
Foi com euforia e satisfação que a recordei..aumentei o som..bem alto, fechei os olhos e senti....embebi cada verso...cada palavra..cada som.....
uma das minhas músicas preferidas:)

fechem os olhos, aumentem o som e sintam......;)


domingo, 16 de setembro de 2007

WICKED GAME

Paixão pela vida, da vida salteadora, vida sentida
paixão pelas letras, das letras eloquentes, narrativas, elucidativas
transcrevem vida, vida vadia, vida pesarosa

paixão pela arte da arte de tudo, que tudo ensina, que tudo infunde
paixão pelo que é gasto, eterno, estético, tranquilizante
paixão pela paixão, do vermelho que nos suga, por vias esquivas nos transposta para as entranhas do desconhecido, dos prazeres, do incerto,

Loucura da paixão de encarnado inquieto, que nos transfigura, adquire poder, imponentes de nada, de uma paixão que tudo nos da e tudo nos tira e de vermelho, branco nos traz e de paz se faz inquieta, incrédula, inconsciente.....
de uma consciência absoluta de uma paixão intensa.....


sábado, 8 de setembro de 2007

O amigo fim



No final da tarde de sexta feira, o pequeno apartamento de Sofia tinha se transformado num recanto místico, a mistura das velas e os odores que delas inalavam…formavam um ambiente magnético e sensual, a mesa de jantar reluzia ao brilho dos copos refinadamente colocados, o castiçal majestosamente posicionado anunciava o fulgor da noite…não haveria luz eléctrica…a iluminação vinha dos pavios adocicados da velas.

Sofia encontrava-se encostada a um dos pilares que sustinham o seu apartamento e com um brilho no olhar, inspeccionava cada recanto, com as suas delicadas mãos, ajustava os últimos retoques. Avançou arrastando consigo os seus velhos chinelos de borracha que tanto conforto lhe proporcionava aos seus pés….parou em frente da mesa de jantar, mordeu o lábio, ao mesmo tempo que o seu pensamento concordava com o contraste sensual do vermelho veludo do vinho tinto que ali se encontrava. Sentiu que tudo estava como desejará…partiu para o seu quarto….o vestido que escolherá era sóbrio, mas contrastava bem com a cor alva da sua pele, realçando a beleza dos seus cabelos. Sentada elegantemente no seu sofá, esperava por Fábio…

Foi com alguma inquietação que Sofia ouvira a campainha tocar, apressou-se em abrir, ele estava acomodado na coluna da porta e com as mãos nos bolsos, esboçou um sorriso franco….o seu olhos encontravam-se particularmente mais brilhantes e o azul turquesa fez com que Sofia estremece-se….o jantar foi agradável……sorriam alegremente, enquanto bebiam o vinho tinto que acompanhava a conversa infinda entre os dois….era nítido a atracão que ambos sentiam…e Fábio gostou do modo como tudo foi preparado, sempre admirou o lado sensível de Sofia, para ele estava tudo perfeito…

Como nos velhos tempos….foram caminhar pelas pequenas ruelas da cidade entre gargalhadas e passos menos ajustados….Sofia tropeçava em Fábio que a segurava com firmeza encostando-a nas paredes gastas pelo tempo, Sofia, sentiu o seu corpo quente e o calor dos seus lábios que rapidamente passavam pelos seus, sem que os mesmos se pudessem tocar….Sofia sentia-se agora ela, raptada….pelas escuras e estreitas ruas..... desprovida e entregue ao jogo da sedução.

Aos mesmos passos trôpegos, chegaram ao quarto de Sofia..arrebatadamente caem em cima da colcha macia…..os rostos se cruzam, os olhares fixam-se, as feições tornam-se mais sérias, a mão de Fábio desliza pelo o rosto de Sofia, retira os cabelos que lhe cobrem a face, fica… ali, algum tempo parado, fascinado..Sofia sente-se intimidada….o seu olhar queimava-lhe alma….

Quase ficou sem fôlego, quando os lábios impetuosamente se cruzaram e as línguas inevitavelmente entrelaçaram-se e beijaram-se..um beijo intenso…nada mais disseram….os seus corpos ganharam vida e quase instintivamente exploravam-se.

A língua de Fábio iniciou uma viagem vertiginosa por todo corpo de Sofia,

Sentiu-se levitar….inspirava e sustinha o fôlego a cada vez que Fábio chegava ao seu pescoço e rapidamente beijava-a um beijo longo e fresco….Sofia também teve sede e sua língua exploro-o milimetricamente….o ardor do paixão era evidente… os seus corpos saciaram o desejo vezes sem conta….

As velas apagaram-se e na escuridão da noite, Sofia abriu os olhos e pode ver a luz da lua cheia que lhe invadia o quarto e sentir o azul do mar dos olhos dele a olharem com ternura.

Sempre que acordava…ali estava ele…com a mão na cabeça, o cotovelo na colcha e o olhar preso nela….fascinado….

domingo, 2 de setembro de 2007

O amigo II

Sofia sentia-se entusiasmada e curiosa por rever Fábio, foi com alguma ansiedade que vira as horas aproximarem-se, estava antecipadamente preparada e aguardava com alguma expectativa, tinham combinado encontrarem-se no café habitual. A hora determinada Fábio aparecera sorridente como sempre, embora menos excêntrico do que outrora, Sofia estava radiante. Apesar da longa ausência, não houve qualquer constrangimento e como em anos anteriores, rapidamente começaram a conversar abertamente e de forma genuína. Como sempre Sofia a mais loquaz, começou a relatar a sua vida….dos seus amigos, do seu percurso académico, das suas expectativas profissionais e por fim sobre os seus amores, particularmente aquele que mais a feriu tanto psicologicamente como fisicamente, uma relação desgastante e atribulada que tinha mudada a sua vida, a descrição dos horrores vividos fez com que Fábio, com uma das suas mãos, tapasse a sua boca, susceptibilizado, disse delicadamente:

- Cala-te! Não quero ouvir mais nada!

Não deixou que Sofia continuasse a narrar aquele episódio chocante da sua vida.

Fábio aperceberá da magnitude daquela situação…mostrou-se tocado e ambos concluíram que felizmente tudo aquilo tinha acabado.

Da vida dele, falou de forma resumida, relembraram o tempo do liceu, a viagem de finalistas a França e do nome carinhoso com que Sofia o apelidava: “Principezinho” recordaram a origem de tal alcunho, partira da história “Le Petit Prince”, o livro preferido dele, que oferecera a Sofia. Ficaram ali, horas infindas a sorrir e a reviver….

Combinaram um novo encontro, seria para o fim da semana. Sofia deixara-o em sua residência. Fábio ficara preocupado com o seu regresso à casa e ao deitar-se, no ecrã do seu telemóvel pode-se ler:

- Olá Sofia, espero que tenhas chegado bem!

Alguns minutos depois, já na escuridão do seu quarto e de braços postos na nuca….com um olhar infindo, reparou numa pequena claridade, vinha da sua mesinha de cabeceira, recebeu uma mensagem……era Sofia:

- Esta tudo bem, não te preocupes! Adorei estar contigo…continuas a ser o meu “Principezinho”!

Fábio sorriu, voltou a recostar a cabeça na almofada e rapidamente respondeu:

-Tu também continuas a mesma……doida e linda! Desculpa, nem te convidei para subir!

Ambos estavam ditosos com o reencontro, nessa noite entorpeceram serenamente.

A semana passara velozmente, e rapidamente chegou o dia do novo encontro, desta vez foram jantar numa pizzaria confortante e característica da cidade, a sua bela decoração tornava-o agradável e calmo.

Fábio e Sofia sentiam-se próximos e esclareceram a sensação que juntos tiveram do último encontro, um estranho pressentimento que sempre estiveram juntos, apesar dos anos de ausência, a querença que experimentavam, exprimia o sentimento.

Partilharam a mesma pizza e comeram do mesmo prato a aproximação era evidente…Sofia sentia-se confusa, o olhar de Fábio nunca a tinha abalado, o brilho azul do seu olhar, fazia com que estremece-se, sentia-se despida e isso a incomodava, nunca olhou para ele para além da amizade

Ele revelava-se mais carinhoso do que o habitual e durante as longas conversas interessantes que mantinham, ele acarinhava suavemente, ora retirava-lhe com as pontas dos dedos os fios de cabelo que lhe cobriam o rosto, ora lhe acarinhava a face e as mãos de um desmedido afecto.

Diante de cada toque, Sofia sentia o seu corpo vibrar, tinha a nítida sensação que por instantes lhe faltava o ar.

Findo o encontro, Sofia no parapeito da sua janela, sentia-se inevitavelmente dispersa……a afecção arrebatadora tomava conta de si e do seu pensamento.

A cor do mar confundia-se com o azul dos olhos dele……sentiu medo…..estava inquieta, não podia contestar o que estava a suceder, entendiam-se tão bem..sentiam-se bem juntos.

Da janela do seu quarto cogitou…reflectiu, fechou os olhos, inclinou a cabeça evidenciado a sua aflição….estaria a fazer o mais certo? Os seus pensamentos pareciam um redemoinho de perguntas sem fim….tinha que apostar…pensava nele todos os dias, todas as horas……exalou fundo, segurou o telemóvel, começou a redigir, voltou a olhar para o infinito da sua paisagem, aguardava uma resposta.

Do outro lado da cidade, encontrava-se Fábio, afadigado entre o trabalho, os ensaios da banda e o ginásio…… pode sentir o toque do seu telemóvel, apressou-se em ir busca-lo e com um ar surpreso pode ler:

- Sexta vou raptar-te e só te devolvo ao mundo no sábado, posso?

Com um olhar fixo no telemóvel, Fábio calmamente respondeu:

-Parece-me bem!!

Continua....